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Três Décadas de Fusões e Aquisições no Brasil: uma leitura crítica dos ciclos econômicos e estratégicos
O histórico recente de fusões e aquisições no Brasil fornece um retrato privilegiado da interação entre conjuntura macroeconômica, ambiente político e estratégias corporativas. Desde 1994, o país registrou mais de 22 mil transações, evidenciando uma taxa de crescimento acumulada robusta e, ao mesmo tempo, altamente volátil.
O ponto de inflexão de 1994, quando apenas 175 operações foram concluídas, ilustra a sensibilidade desse mercado à instabilidade econômica e política. Não se tratou apenas de um volume reduzido, mas de um reflexo direto da incapacidade de investidores em formular expectativas consistentes em um cenário de hiperinflação e transição de governo. O aprendizado desse período permanece atual: sem previsibilidade macroeconômica e estabilidade institucional, a capacidade de planejamento estratégico corporativo se reduz drasticamente.
Nas décadas seguintes, o aumento expressivo das operações revelou o amadurecimento do mercado, com maior sofisticação nos processos de due diligence, valuation e integração pós-fusão. No entanto, a expansão numérica não eliminou os riscos estruturais. Em diversos momentos, movimentos de consolidação foram guiados mais pela pressão competitiva e pela liquidez disponível do que pela análise crítica de criação real de valor. Isso explica a recorrência de impairments vultosos em operações realizadas sob premissas frágeis.
O balanço desses 30 anos mostra que o mercado brasileiro de M&A não é apenas um reflexo das condições econômicas internas, mas também um termômetro da capacidade das empresas de alinhar estratégias financeiras a fundamentos de longo prazo. A trajetória evidencia que, embora o país tenha alcançado protagonismo em volume de operações, o verdadeiro diferencial competitivo está na qualidade das análises que precedem a transação e na governança que sustenta sua execução.





